quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

tão SERtão

Sempre gostei de ler matérias sobre formas simples de se viver. E, na verdade, o que mias me chamava a atenção era o olhar de quem descrevia. E, pois, aqui estou eu, com a vista cansada, como disse Otto Lara Resende, vendo e revendo coisas tão belas e tão fáceis de serem descritas, mas impedidas de serem mostradas por essa minha vista anuviada.

Alguém pode imaginar o que é ver o céu verde-azul, misturado com as folhas do pé de umbu que eu sempre me deixo deitar à sua sombra? É uma coisa indizível! Como é indizível ver os pássaros, que eu nem sei os nomes, passeando por lá por cima, enquanto eu aqui da rede me mantenho imóvel para não lhes perturbar a rotina matinal.

Não vejo beleza no que conto!

Vou procurar algo que nunca vi. É muito difícil se afastar do que é conhecido para se dar uma amostra pequena que seja do prazer de viver essas pequenas coisas.

Quem sabe um lago na Chapada, ou uma praia no Ceará não me inspirem mais que esse sertão! Tão ser, tão tão, que me deixa sem palavras!!!

***

Os dias passam lentos e acabam logo.
Horas, milhares delas, até eu te encontrar.
Entanto, mal nasce, o dia morre.
A eterna contradição humana chega até o tempo.
Dura e não dura.
A eternidade é um só momento.
E um instante é interminável.
Tudo é bom e tudo é saudade.
Quero só o agora, para viver o depois.
Mas não esqueço um só segundo do que vai ser
Do que não vai mais ser e do que virá.

(Em algum janeiro)

***