sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"...inconstante e borboleta".

Sabe uma coisa que eu detesto? Rótulos. Convenções. Regras fixas. Modelos prontos. Isso não é uma só coisa, eu sei, mas são farinha do mesmo saco. Nada mais insuportável do que ter que agradar as expectativas alheias. Pra você ser feliz, bem aceita, normal, tem que seguir a cartilhinha hipócrita da maioria. E, na condição de mulher em sociedade tipicamente machista, isso ainda é mais forte. Mulheres não podem subverter a ordem estabelecida, mulheres tem que casar, ter filhos e serem boas mães. E se não forem mães, são tão más, quanto as que são mães ruins.

Dentro dos direitos humanos, não está lá a liberdade individual como algo inalienável?

Mulher é como lagarta, que passa por metamorfoses; sofre as variações de hormônios e humores, de vontades e necessidades. Hoje quero, amanhã não quero, depois de amanhã, quem sabe... Mas, para isso, as que fazem suas escolhas, que moldam seus caminhos à revelia do senso comum, pagam o preço, são alvo da incompreensão dos demais.

Por minha liberdade, eu pago o preço!

[Sobre o título: "E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta". , Clarice Lispector]