sábado, 22 de setembro de 2007

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT


Impossível não se lembrar de Renato Russo e da Legião esses dias! A homenagem tardia mexeu bastante com muita gente, inclusive comigo.
Nunca fui num show da Legião Urbana, mas infernizei durante meses a vida da minha mãe pra me deixar ir... Eu tinha 16 anos, morava a mais de 300 km do local do show e nem que Jesus Cristo descesse à terra ela deixaria - e eu sabia disso -, mas insisti, resisti até o golpe final: o não definitivo. Contentei-me então a voltar a colecionar os discos e os recortes das matérias publicadas pela imprensa. Cada foto, cada nota, cada citação do nome, tudo catalogado, tudo arquivado.

As trocas de material, a amizade conquistada a partir do gosto em comum, os luaus na praça da cidade, a identificação com o pensamento da banda... tudo veio à tona. Cada música, uma história. E que história! Não tive como conter as lágrimas, o sentimento de nostalgia e de saudade.

Saudade de Renato Russo.
Saudade da Legião Urbana.
Saudade dos meus amigos.
Mairi!
Que saudade!!!
Sabe, esses dias eu tenho voltado a ser eu...
Tenho mergulhado em mim, apesar de não estar tendo um momento sequer de solidão planejada. Mas estou me olhando por dentro e me vendo como sempre fui, e como nunca mais tinha percebido ser.
O trabalho me despertou.
A mudança me mudou. Ou me desmudou. Me trouxe de volta algumas coisas adormecidas, algumas vontades... Vejo força, vigor, determinação, busca incessante pelo novo, pelo desafio. Me sinto livre. Livre sem sair do lugar, mas livre.
Completamente sagitariana.















"Tenho várias caras.
Uma é quase bonita
outra é quase feia.
Sou um o quê?
Um quase tudo".
[Um Enigma - Clarice Lispector]

sábado, 15 de setembro de 2007


Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:

as coisas não têm significação: têm existência.


Fernando Pessoa

Os versos que te fiz


Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

(Florbela Espanca)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Rompantes

Ando passando por fases...
Mulher de lua
Mulher de fases
Às vezes me acho bela
Outras tantas não me agüento
Quero mudar o mundo
(ou mudar de mundo?)
E andar ao sabor do vento
Faço rimas pobres
Não tenho dom de cantar
Amo
Odeio
Adoooooooooro...

Pronto!
Acabou o poema.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

tão SERtão

Sempre gostei de ler matérias sobre formas simples de se viver. E, na verdade, o que mias me chamava a atenção era o olhar de quem descrevia. E, pois, aqui estou eu, com a vista cansada, como disse Otto Lara Resende, vendo e revendo coisas tão belas e tão fáceis de serem descritas, mas impedidas de serem mostradas por essa minha vista anuviada.

Alguém pode imaginar o que é ver o céu verde-azul, misturado com as folhas do pé de umbu que eu sempre me deixo deitar à sua sombra? É uma coisa indizível! Como é indizível ver os pássaros, que eu nem sei os nomes, passeando por lá por cima, enquanto eu aqui da rede me mantenho imóvel para não lhes perturbar a rotina matinal.

Não vejo beleza no que conto!

Vou procurar algo que nunca vi. É muito difícil se afastar do que é conhecido para se dar uma amostra pequena que seja do prazer de viver essas pequenas coisas.

Quem sabe um lago na Chapada, ou uma praia no Ceará não me inspirem mais que esse sertão! Tão ser, tão tão, que me deixa sem palavras!!!

***

Os dias passam lentos e acabam logo.
Horas, milhares delas, até eu te encontrar.
Entanto, mal nasce, o dia morre.
A eterna contradição humana chega até o tempo.
Dura e não dura.
A eternidade é um só momento.
E um instante é interminável.
Tudo é bom e tudo é saudade.
Quero só o agora, para viver o depois.
Mas não esqueço um só segundo do que vai ser
Do que não vai mais ser e do que virá.

(Em algum janeiro)

***