quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bá, carneiro, ovelha!

Sempre fui uma mulher da luta! Levantei bandeira, fiz greve, protestei... Mas não admito que lutas infundadas se transformem em levantes dos desvalidos, dos sempre humilhados, das vítimas do sistema.
O discurso pronto de que professor é um pobre coitado, que vive sofrendo as mais atrozes agruras da vida não é de todo verdadeiro. Não ter o reconhecimento profissional devido, não ter um ambiente de trabalho adequado, não ter a remuneração que almeja não é exclusividade dessa categoria, da qual, óbvio, eu faço parte. Trabalho é trabalho em qualquer parte do mundo. O uso dessa caricatura cai muito bem, quando se quer ter algum benefício, algum privilégio numa disputa de interesses.
Hoje, acordei com os ecos da tal “paralisação contra a enturmação”. Vejamos, o que é enturmação? Segundo a Secretaria da Educação, é o “agrupamento de turmas com poucos alunos em uma mesma escola, sem prejuízo do ano letivo nem do projeto pedagógico”. E onde está o problema nisso? Como reivindicar o bom uso do dinheiro público, mantendo salas com menos de 10 alunos funcionando, em nome de uma programação de carga horária? Professores não são lotados em escolas, mas na Secretaria de Educação, e podem perfeitamente ser movimentados entre as unidades que compõem a rede. O que não é admissível é que o Estado continue onerando a folha de pagamento com contratação de professores substitutos, quando haveria possibilidade de se fazer remanejamentos de efetivos.
Então, hoje todo mundo parou. Mas nem todo mundo sabia porque estava parando. Salário. Aposentadoria. Condições de Trabalho. Tudo isso. Ou nada disso. “Se a ‘central’ diz que é parar, a gente para”. E assim, vão caminhando como ovelhas teleguiadas por cães ou porcos-pastores, esses bem entendidos do que querem.
Só eu acordei com esses ecos, porque boa parte dos colegas só conseguia pensar no silêncio desses dois dias, em casa, paralisados.

Um comentário:

  1. Concordo contigo, minha amiga, não vejo mobilização da classe. Qualquer insatisfação por parte de metalúrgicos, de médicos, lixeiros, tem apoio do sindicato e de associados. Os professores são os únicos que permanecem conformados ou quando participam, desejam mais a folga fora da sala de aula do que o levante, a discussão. Uma pena.

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